domingo, 17 de abril de 2016

Ébrio

Tão comum e inebriante
É olhar só por relance
As folhas verdes que balançam
Os insetos que revoam

Ouvir o som d'água corrente
E largar-me inteiramente
Sobre a grama do ambiente
Escalar o morro, infante

Tão comum e inebriante
Comer das frutas ao alcance,
Prazer que muitos abandonam
Em que meus sentidos se deleitam

Ver o deitar do sol poente
A beleza da noite insipiente
O sussurrar dum grilo eloquente
O calor noturno instigante

Tão comum e inebriante
É fastio fustigante
É peleja incessante
É brasa fumegante

Tão comum e inebriante
É não ter nunca sabido
Que ninguém terá havido
Com seus lapsos percebido

Que deitado na relva verde
Inda que por breve instante
Tenha o tempo estado ao lado,
Sentado, a conceder-lhe

Este momento revigorante.

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