Sobre a crise migratória na Europa.
Antes de tudo, um breve resumo de uma das maiores tragédias do nosso século:
Quatro anos de conflito; mais de duzentos e quarenta mil mortos, destes mais de setenta mil civis; mais de dois milhões de refugiados. Gente que se viu obrigada a abandonar a terra natal pra se livrar do horror da guerra e que pra isso se dispõe a arriscar a vida ao tentar atravessar a nado o mar Egeu...
Impressiona-me como é facil fechar os olhos ao sofrimento alheio. Como é facil tratar aquele que precisa de ajuda, mesmo pra sobreviver, de forma indiferente. Também facilmente esquece-se das similaridades e enxerga-se somente diferenças. E o que é diferente causa repúdio e asco.
Episódio esse lamentável que ilustra bem o que quero dizer, o qual li numa manchete hoje ainda há pouco: "Polícia Tcheca marca até bebês de imigrantes ilegais". Aqueles, mais preocupados em manter sob vigilância os imigrantes do que com os devidos cuidados aos necessitados, ignoraram a humanidade dos clandestinos e passaram a marcá-los com números, como se fossem gado. Tudo isso no meio da maior crise humanitária do século.
É facil agir assim. Por que aquele que clama por ajuda submete-se a outrem, e uma vez submetido é fácil de subjugá-lo. E por que é facil de subjugá-lo eles o acham conveniente.
O imigrante não é bem vindo em lugar algum. Vide o que se diz dos haitianos aqui mesmo no Brasil. Vide o que se dizia dos retirantes, nossos conterrâneos.
Ao imigrante não há caminho pra seguir, ao imigrante não há caminho de volta. Ao imigrante nada pertence, se não o seu próprio azar.
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